quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Viúva acusa filha do milionário da Mega-Sena em julgamento

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PAULA BIANCHI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO

Após ser interrogada por cerca de cinco horas, Adriana Ferreira de Almeida, acusada de matar o marido --o lavrador e ganhador da Mega-Sena Renné Senna-- disse, no Tribunal do Júri de Rio Bonito (72 km do Rio), que a filha de Senna tinha interesse na morte do pai.

A resposta veio no final do interrogatório quando o júri questionou se ela sabia se havia alguém interessado na morte de Renné. "Com certeza, Renata Almeida Senna", disse.

A audiência desta quinta-feira terminou às 22h10 e recomeça amanhã às 12h com os debates entre acusação e defesa. Este é o quarto dia do julgamento de Adriana.

Adriana afirmou à Justiça que é inocente.

"Não tenho culpa de nada", disse. O crime ocorreu em 2007, em Rio Bonito (RJ), após Renné ganhar R$ 51,8 milhões na Mega-Sena.

Adriana passou quatro horas sendo interrogada pela Promotoria e chorou por duas vezes ao lembrar que a família do milionário a tratava bem até o assassinato. "Depois todos, todos passaram a me acusar."

Reprodução
O ganhador da Mega-Sena assassinado, René Senna, e a viúva, Adriana Ferreira Almeida
O ganhador da Mega-Sena assassinado, Renné Senna, e a viúva, Adriana Ferreira Almeida

A acusada contou que tinha um bom relacionamento com Renné, que conheceu ainda antes de ficar milionário.

"Na época ele me assediava, mas eu tinha acabado de me separar. Não queria nada com ninguém". Os dois se reencontraram no final de 2005, quando passaram a namorar.

Para Adriana, a relação de Renné com a família era uma "bagunça". Ela diz que nunca impediu ninguém de visitá-lo e que foi o próprio lavrador quem se afastou da família.

"O Renné não queria ter contato com a família porque todas as vezes que eles procuravam a gente era para pedir mais. Pediam R$ 100 mil, R$ 200 mil... Nunca estavam satisfeitos", afirmou.

Adriana confirmou o relacionamento Robson Oliveira, que descreveu como de cunho "puramente sexual" e disse ainda que comprou o apartamento em Arraial do Cabo com a autorização de Renné, com quem tinha uma conta conjunta.

Segundo ela, as brigas entre o casal aumentaram muito depois que ele comprou um quadriciclo e passou a sair sozinho, sem seguranças, para os bares da região o que a deixava muito preocupada.

No fim do interrogatório da acusação, a ré foi questionada sobre o motivo de insistir que Renata Almeida, filha do milionário, fizesse um exame de DNA mesmo depois da morte do companheiro. Adriana disse que o pedido era uma forma de realizar um desejo de Renné.

Para a Promotoria, Adriana teria encomendado a morte de Renné após uma briga, no dia 4 de janeiro de 2007 --o milionário foi assassinado no dia 7 de janeiro--, em que ele ameaçou retirá-la do seu testamento.

INTERROGATÓRIO

Antes de Adriana, a amiga dela, Janaína Silva de Oliveira, foi interrogada. Janaína, professora de educação física, é acusada de participar do crime com os policiais militares Marco Antônio Vicente e Ronaldo Amaral, o China, interrogados no início da madrugada desta quinta-feira.

Todos negaram qualquer envolvimento na morte do milionário. Os três também estão sendo julgados.

O CASO

Senna foi morto em 2007, dois anos após ganhar R$ 51,8 milhões na Mega-Sena. A viúva teria se aliado a uma amiga e a quatro ex-seguranças do milionário para cometer o crime.

Deficiente físico --Senna teve as duas pernas amputadas por causa da diabetes--, o ex-lavrador foi morto com quatro tiros na cabeça em um bar em Rio Bonito. Almeida é apontada como a mandante do crime.

O ex-PM Anderson Sousa e o funcionário público Ednei Gonçalves Pereira, acusados de serem os autores dos disparos, foram condenados, em julho de 2009, a 18 anos de prisão pelo assassinato de Senna e pelo crime de furto qualificado.

Em junho o juiz Marcelo Chaves Espíndola, da comarca de Rio Bonito, julgou improcedente o pedido de reconhecimento de união estável entre Almeida e Senna.

Desde a morte de René, a cabeleireira trava uma batalha judicial com Renata Almeida Senna, única filha do milionário, pelos bens deixados pelo ex-lavrador. O pedido de reconhecimento de união estável foi feito pela própria acusada.

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