Com liminar da Justiça, oposição suspende eleições do Bahia
Oposição alega irregularidades na formação do conselho, mas clube tenta derrubar liminar. Interventor foi nomeado para administrar o Bahia
As eleições do Bahia estão suspensas. O pleito, que teve início na manhã desta terça-feira, foi interrompido por uma liminar da Justiça no início desta tarde, sob a alegação de irregularidades na formação do conselho deliberativo do clube. Até a suspensão, mais de 200 dos 300 conselheiros já haviam votado.
De acordo com o representante da oposição, o conselheiro Fernando Jorge Carneiro, a liminar dissolve o conselho tricolor e veta a candidatura do atual presidente Marcelo Guimarães Filho, quetentava reeleição, sem candidato concorrente. O Bahia já informou que o departamento jurídico do clube tenta derrubar a liminar para dar continuidade à votação.
O mandato de Marcelinho Guimarães vai até o dia 11 de dezembro. No entanto, por decisão da Justiça, o advogado Carlos Eduardo Rátis foi nomeado interventor do clube, com mandato de um ano e salário de R$ 60 mil.
Via Twitter, Marcelo Guimarães Filho se pronunciou sobre o caso:
- Eleição suspensa devido a liminar concedida pela Justiça! Decisão judicial precisa ser cumprida e será. Entretanto, espero dar os esclarecimentos necessários para reverter esta decisão. Confiamos na Justiça. E espero que essa atitude da oposição não atrapalhe demais nossos planos para 2012. Atrapalhar, já atrapalhou. Mas vamos em frente! - escreveu o dirigente, em sua página na rede social.
Oposição alega irregularidades na formação do conselho
A ação foi impetrada na Justiça pelo ex-conselheiro do clube Jorge Maia, que foi retirado do conselho em uma reforma realizada há 90 dias. Segundo Carneiro, 62 conselheiros foram substituídos - 58 deles seriam ligados a Paulo Maracajá, que foi presidente do Bahia de 1979 a 1994, e chegou a ser aliado de Marcelo Guimarães, pai do atual presidente. No entanto, a ligação se desfez na última eleição tricolor.
Para reformular o conselho, o clube alegou que os membros retirados do grupo estavam inadimplentes ou faltaram três reuniões seguidas ou cinco encontros neste mandato.
- Mas Jorge Maia estava em dias com todas as suas obrigações. Entramos com essa ação somente para provar a ilegalidade do conselho. Como é que 62 suplentes foram colocados se não se sabe nem quem são os conselheiros do Bahia? - questionou, por telefone, Fernando Jorge Carneiro, opositor da atual gestão.
A liminar foi concedida pelo juiz Paulo Albiani, da 28ª vara cível de Salvador. De acordo com o conselheiro, a oposição não quer prejudicar a campanha do presidente Marcelo Guimarães Filho nem mesmo o planejamento do clube para 2012, já que um interventor foi nomeado pela Justiça:
- Não temos nada contra o presidente nem contra a eleição dele. E essa coisa de falar sobre o planejamento, é querer jogar a torcida contra a gente - afirmou Carneiro.
Se o argumento da oposição prevalecer, uma nova data para o pleito terá de ser marcada e Marcelo Guimarães Filho poderá ter um concorrente nas urnas.
- Se a gente ver que o conselho é um colégio eleitoral confiável, a gente pode até inscrever uma chapa para disputar a eleição - adiantou Fernando Jorge Carneiro.
Decisão da Justiça foi exacerbada, diz vice-presidente jurídico do Bahia
O Bahia se pronunciou oficialmente no fim da tarde desta terça-feira, através do vice-presidente jurídico do clube, Ademir Ismerim. O advogado relatou que a liminar da Justiça foi entregue na sede de praia do Bahia, local onde era realizada a eleição, por volta das 14h.
Segundo ele, a cúpula está reunida para redigir um agravo (medida para cassar a liminar da oposição), que será entregue ainda nesta terça diretamente ao Tribunal de Justiça. Um desembargador deve ser sorteado para apreciar o caso.
Ismerim negou que tenha havido irregularidades na reforma do conselho deliberativo. O vice-presidente jurídico do clube ratificou a versão de que a reformulação retirou do grupo apenas os conselheiros irregulares.
- A informação não é verídica. Foram excluídos conselheiros que estavam irregulares. A decisão tomada é exacerbada – disse o advogado.
Ismerim afirmou que Jorge Maia se precipitou ao entrar com a ação na Justiça.
- Já que o conselheiro que entrou com a ação reivindica a expulsão dele, ele deveria entrar com uma liminar pedindo direito de voto. Mas ele pediu demais. A decisão atingiu a administração do clube como um todo. O Bahia hoje está sem diretoria, sem conselho, sem administração – declarou.
Apesar da confusão instalada na administração do clube, Ismerim diz que não há motivo para preocupação. Demonstrando confiança em uma resolução rápida a favor da atual gestão, o advogado deixou claro que, caso não consiga cassar a liminar, a responsabilidade será do interventor Carlos Eduardo Rátis.
- Não estamos preocupados, porque confiamos que a liminar vai ser cassada. Mas, se não for, ele que vai saber como gerir o clube.
De acordo com Ismerim, na ação impetrada na Justiça, Jorge Maia solicitava que Reub Celestino fosse nomeado interventor do Bahia. No entanto, por entender que Celestino era ligado à oposição, o juiz Paulo Albiani decidiu colocar Rátis no cargo.
O vice-presidente jurídico do Bahia ainda explicou que, caso a liminar seja cassada, não será necessário marcar uma nova eleição. Segundo ele, quando a votação foi suspensa, mais de 200 conselheiros haviam registrado seus votos e Marcelo Guimarães Filho já estava reeleito – tudo registrado em ata. Assim, se a Justiça acatar o pedido do departamento jurídico do clube, o atual presidente iniciaria automaticamente um novo mandato.
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